Cidade Velha


Na beira do cais, entre barcos e navios, sopra o vento frio do sul. 
Entre Caixotes, redes de pesca, os homens simples transportam de tudo, com o vento frio a ressecar suas faxes já envelhecidas. 
Do outro lado da rua, o casario é velho, histórico e remetem ao tempo em que foram gloriosos. 
As velhas casas contrastam com os automóveis de cores vivas que passam apressados. 
O céu é cinza, plúmbeo, mas às vezes é azul. No verão o vento, que vem do sul dá lugar ao calor e nem mesmo as águas refrescam a cidade. 
E as águas são muitas, infinitas. 
Das águas tiram o sustento os homens velhos, com suas redes também velhas. Do outro lado das águas as fábricas estrangeiras e ricas poluem o ar e a água da gente pobre. 
A gente rica anda de jatos e helicópteros. 
A gente pobre anda de barco a remo e em carros puxados por animais moribundos. No mesmo cais se compra o peixe e tudo se negocia. 
Até mesmo as putas pobres vendem seus corpos repugnantes.
 Ao lado delas estão os viciados em toda sorte de porcarias. 
Estes morrem lentamente. 
Na verdade já estão mortos e esqueceram-se de cair. 
Os moribundos se encostam nas vitrines das butiques famosas, onde tudo tem um preço. 
No centro histórico as casas caem aos pedaços, tristes lembranças de outros tempos. 
As ruas de barro e areia contornam os canteiros das grandes árvores que perdem as folhas no outono. 
E então não passam de meros fantasmas a assombrar avenidas mortas. 
Longe da cidade antiga existe a praia com paisagem monótona, frequentada por carros e cavalos. 
A água é fria e não há sombra. 
Não há paz, nem esperança, na velha cidade, na beira do cais...    


Rio Grande do Sul, 2009    



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