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Mostrando postagens de novembro, 2012

Alma Nordestina

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Largou a enxada em terra seca, olhou em todas as direções. Viu a morte. O sertão estava em chamas. Caiu uma lágrima. Foi para casa. Tomou o último gole de água. Beijou Rosinha. Rezou um terço. Arrumou os minino. Fez uma trouxa. Fechou a porta da casa. Caminhou pela estrada de fogo. Tudo queimava. Restava deixar o sertão. Engoliu Terra. Respirou poeira. Chorou mais uma vez. Os meninos choraram também. Rosinha deu de mamar. Rosinha chorou baixinho. Os pés doíam pelo chão repleto de fogo. A alma doía por deixar o sertão. João caiu de joelhos. De todas as fazendas saíram Marias e Josés. Todos esquecidos, doentes. Não chove há meses. Alguém toca uma sanfona. Os acordes são tristes. Todos cantam juntos. Os moribundos seguem em procissão. Rosinha ampara João. João ama Rosinha. Todas as crianças choram em coro. O choro da fome. O choro dos esquecidos. Caminham todo o dia. De noite caminham também. Nenhum sinal de água. Alguém cai de exaustão. Rosinha d