Postagens

Mostrando postagens de 2012

Alma Nordestina

Imagem
Largou a enxada em terra seca, olhou em todas as direções. Viu a morte. O sertão estava em chamas. Caiu uma lágrima. Foi para casa. Tomou o último gole de água. Beijou Rosinha. Rezou um terço. Arrumou os minino. Fez uma trouxa. Fechou a porta da casa. Caminhou pela estrada de fogo. Tudo queimava. Restava deixar o sertão. Engoliu Terra. Respirou poeira. Chorou mais uma vez. Os meninos choraram também. Rosinha deu de mamar. Rosinha chorou baixinho. Os pés doíam pelo chão repleto de fogo. A alma doía por deixar o sertão. João caiu de joelhos. De todas as fazendas saíram Marias e Josés. Todos esquecidos, doentes. Não chove há meses. Alguém toca uma sanfona. Os acordes são tristes. Todos cantam juntos. Os moribundos seguem em procissão. Rosinha ampara João. João ama Rosinha. Todas as crianças choram em coro. O choro da fome. O choro dos esquecidos. Caminham todo o dia. De noite caminham também. Nenhum sinal de água. Alguém cai de exaustão. Rosinha d

Te imagino

Imagem
Te imagino en todas las esquinas de la existência, en todas las calles, en todos los cantos oscuros.  Te imagino en todas las partes del universo, en todos los versos y palabras, en todos los tiempos y energias, en todos los planetas. Te imagino una estrangera en países estraños, hablando lenguas que no compreendo, en los desiertos lejanos. Te imagino bien cerca, hablando palavras de amor, escucho tu respiración y siento tus palavras húmedas quando dices te quiero. Te imagino simples y compleja, humana e sobre-humana, diosa y heroína, leja y cercana, la própria definicíon de un paradojo incompreensíble. Te imagino una guerrera africana, una diosa nórdica una madre indígena o una bussineswoman de wall street llena de poder. Te imagino en dias de verano, en la playa llena de arena y calor, luz  y claridad, felicidad y amor. Te imagino en los dias tristes, quando la lluvia cobre tus lágrimas, quando no sabes porque lloras, quando el tiempo es tu úni

Poesia Muda

Imagem
Há poesia em cada chuva que cai cheia de palavras  Há poesia que brota das paredes que calam os infelizes Há poesia muda em toda palavra não dita e em cada sonho esquecido  Há poesia muda em cada flor que desabrocha nas manhãs de primavera Há poesia em cada passo apressado e em cada rosto angustiado Há poesia na brisa fria que teima em soprar de leve, ainda que seja o verão Há poesia muda em todo vento que sopra as palavras para bem longe Há poesia muda nas folhas molhadas de orvalho, como lágrimas da noite Há poesia nas palavras do raiar do dia e no sol que aquece em verbos  Há poesia em seu sorriso disfarçado, em seu suor derramado Há poesia muda em seu olhar de enigma que diz tanto sem falar Há poesia muda quando te calas chorando, engolindo palavras   Há poesia muda quando a noite cai de repente, cobrindo o dia de escuro,  nos soterrando em verbos.      Rio Grande, 29 - Outubro - 2012